Sep 30, 2006

VAI UM TAPINHA?



Assim como as droguitas mais simpáticas,
remédios e alimentos que podem ser usados na busca permanente de equilíbrio, o medo tem o poder de penetrar toda a nossa estrutura, de células a conceitos... Lá de dentro, até os olhos...Saindo de nós, ligando a todos nós... É a droga mais poderosa que conheço e, também, a mais presente, natural, antiga, difundida, receitada, consumida... É a presença!

Algo de efeitos amplos, penetrantes, cuja toxicidade e poder de alienação são capazes de alterar o estado de consciência de multidões em instantes...

O medo é a droga predileta do apego, travestida de motor da sobrevivência.Uma droga instalada em nosso código genético e, mais que predisposição nata, um divisor de águas entre sabedorias...

Arrisco dizer que é o caminho mais complexo e esclarecedor para compreendermos nossa origem, nossas conexões interiores e relações...

Enquanto outras espécies - menos inteligentes, como definimos - injetam-se da droga de forma reativa, buscando segurança em sua própria natureza e a aceitando... Nós - geniais, segundo nós mesmos - temos a capacidade de transformá-la em previsão, hábito, vício, compulsão...Enredados nesse sistema apavorado de vida que criamos, fugindo de nossa natureza por não aceitá-la...Não para dentro de nós, mas para dentro dos muros que levantamos ao nosso redor...Por medo!

Apenas nós, humanos, ativando as predisposições, convertemos este estado de consciência em psiquismos crônicos...Bad-Trip...Over-dose...Síndromes!

Como toda droga, em doses equilibradas, pode ativar o senso de preservação, a estima, e, dependendo de inteligência e consciência do uso, ser mola da tão sonhada segurança emocional de culturas inteiras.

Quem conhece profundamente o próprio medo?

Quem o administra em doses razoáveis nessa automedicação insana?

Vejam o medo público, controlador social, traficado, por exemplo, na seringa da comunicação...Droga de poder, não?!

A delicadeza ou brutalidade com que inalamos essa panacéia, ativa ou apaga a memória, cria e destrói sonhos, decide e cancela rumos...Fecha ou sulca feridas...Relaxa ou comprime a musculatura emocional...Provoca ou previne o conflito...Liberta ou condena o amor...

Paz é a ausência do medo ou sua consciência?

Verdadeiros sábios, os que transcendem a fantasia humana com esse cachimbo na mão...


texto de Geraldo Varjabedian


www.varjabedian.blog.terra.com

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