EGO - Além de "Ensaio Sobre a Cegueira" abrir o Festival de Cannes, ele irá competir - o que dificilmente acontece. Como você recebeu esta notícia? É verdade que o filme quase ficou de fora da competição?
FERNANDO MEIRELLES: Nosso primeiro convite foi para abrir o festival, mas fora da competição. O presidente da Pathé, nosso distribuidor na França e na Inglaterra, achou melhor não participar do festival se não estivéssemos competindo. Não entendi muito a razão. Não sou muito chegado em competições, ainda mais de cinema, mas ele entende melhor de lançamento, então segui a recomendação. Vamos ver o que acontece. Não tenho nenhuma expectativa de prêmio.
EGO: O filme concorrerá com outro brasileiro - "Linha de Passe" de Walter Salles e Daniela Thomas. Você já assistiu ao longa deles?
FERNANDO MEIRELLES: Combinamos de cada um ver o filme do outro algumas vezes em fevereiro e março, mas nunca conseguimos uma data onde os dois filmes estivessem apresentáveis. Acabamos “Ensaio Sobre a Cegueira” na semana passada, e Walter e Daniela ainda estão mixando “Linha de Passe”. Amigos que viram disseram que o filme é deslumbrante.
EGO: "Ensaio" foi rodado em várias partes do mundo, inclusive em São Paulo. Qual foi a sua maior dificuldade em mostrar no cinema o romance de Saramago?
FERNANDO MEIRELLES: A história tem muitos desafios: Personagens sem nome e nem passado, história por demais intensa, ter que filmar em uma cidade grande abandonada e coberta de lixo, tentar expor as questões do livro sem tentar explicar muito a trama mas dando ao espectador ganchos para que ele não ficasse boiando... Foi o meu filme mais difícil, eu acho. Não que eu tenha muitos para comparar.
EGO: Em seu blog, você disse que quando achou que o filme estava pronto, o público em uma exibição não se sentiu à vontade com a cenas de estupro. Na edição final, o longa está mais leve?
FERNANDO MEIRELLES: Leve não é um bom adjetivo para esta história de Saramago. Digamos que na versão final a voltagem seja mais baixa. (Saramago) vai assistir a ele no dia 13 à tarde, em Cannes, numa sessão privada. Estou meio ansioso com esta apresentação.
EGO: Como você chegou na escolha do elenco?
FERNANDO MEIRELLES: Parti da Mulher do Médico, a personagem central e fui montando o time apartir daí. Depois dela precisava de um marido, depois um primeiro homem cego mais jovem, boa pinta e que fosse negro ou oriental. E assim foi. O filme tem atores de todas as etnias: Latinos, brancos, negros, orientais, loiros. É uma história sobre a humanidade.
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2 comments:
Ansioso para descobrir como o roteirista verteu a prosa caudalosa de Saramago para o cinema.
Eu confesso q tb estou bem ansiosa para ver o filme, já vai ser ver interessante ver a repercussão da exibição em Cannes né?
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