Jun 16, 2008
Festival de Propaganda de Cannes
Começou ontem o disputado O 55° Festival Internacional de Publicidade Cannes, vale acompanhar as novas perspectivas para a publicidade:
"O grande vencedor do Festival Internacional de Propaganda de Cannes, em 2005, foi um filme da cerveja Guiness que mostra a involução da vida sobre a Terra. Muitíssimo bem feito, mostra três homens que tomam um gole da cerveja e retrocedem rapidamente até se tornarem anfíbios. Uma frase conclui que as boas coisas acontecem para quem sabe esperar. No caso, pela criação da Guiness. No ano passado, a vencedora de Cannes foi a Campanha pela Real Beleza, na qual, pela internet, Dove convidava consumidores a se manifestarem contra o uso de imagens manipuladas e da beleza perfeita explorada por empresas de cosméticos. O resultado foram milhares de respostas de consumidores e também de internautas, inclusive o site da Campanha contra a Vida Real.
Nele, um rapaz bonito é enfeado, e a manifestação dos consumidores é clara: "Ninguém quer ver gente feia nas propagandas". "Em apenas dois anos, houve uma evolução tremenda na comunicação das empresas", afirma Ezequiel Triviño, sócio da agência americana Wikreate. Na 55ª edição do festival de Cannes, que começa hoje no balneário francês, não apenas essa mudança da comunicação empresarial deverá se acentuar como também a premiação deverá refletir a tendência. "Cada vez mais, a propaganda deixa de contar apenas uma história num filme de 30 segundos e envolve a comunicação em várias vertentes", diz Triviño. Outra era Foi o que aconteceu no El Sol, festival de comunicação publicitária que aconteceu no início do mês, na Espanha. O prêmio mais esperado do festival, talvez pela tradição, foi o dado a um filme da varejista de móveis Ikea. Entretanto, os mais comentados --e também premiados-- envolviam internet, revistas, jornais e filmes ao mesmo tempo. "Vivemos o fim de uma era", diz Triviño, que apresentou uma palestra sobre o fim dos festivais de propaganda durante o El Sol. "Em dez anos, não será mais a publicidade que nos alimentará." O discurso ameaçador não é, é claro, unanimidade no setor. No entanto, o que era repetido até poucos anos como provável tendência de mercado parece estar começando a se tornar realidade. Agência Google Segundo Triviño, no último ano, a maior agência de propaganda do mundo não foi nenhum grupo de comunicação no qual brilham publicitários, mas sim o Google.
O site de buscas faturou US$ 16,6 bilhões em 2007 com publicidade, enquanto o grupo Omnicom, o maior entre todos, teve receita de US$ 12,7 bilhões. WPP e Interpublic, outros dois grandes da área, faturaram US$ 12,4 bilhões e US$ 6,6 bilhões respectivamente. "Quem olha os links patrocinados do Google lembra a comunicação da idade da pedra", diz Triviño. "Mas eles superaram as agências em menos de dez anos porque desintermediaram a comunicação, dando ferramentas de controle ao consumidor." Renato Loes, presidente da Leo Burnett Brasil, discorda. Para ele, o Google não é agência, mas sim concorrente dos meios de comunicação. "O Google não fará venda direta para sempre", diz Loes. "Para a agência, o que interessa é colocar o anúncio no lugar mais adequado e o Google pode ser um deles." As discussões sobre o Google, no entanto, são apenas o topo da montanha que aparece escondida por nuvens. As mudanças nas inscrições de Cannes refletem a transformação do mercado.
O número de peças de internet inscritas, por exemplo, aumentou 77% e o de mídias integradas, 342%, nos últimos cinco anos. Já as inscrições de filmes caíram quase 10% no período. Maurício Mazzariol, sócio da agência brasileira Bigman, apresentou no El Sol algumas campanhas de destaque em comunicação digital, na América Latina. Uma delas é a do site silviovelo.com. Nele, Silvio Velo, capitão da seleção argentina de futebol para cegos, guia o internauta por páginas completamente escuras: cursor do mouse, letras, fundo e até e-mail são negros. Para auxiliar a navegação, só a voz de Velo e o guiso da bola de futebol para cegos.
O objetivo é, por meio da interação, conseguir patrocínio para o esporte, popular, mas sem apoio financeiro no país. "Vivemos um momento de experimentação, nas mais variadas formas", diz Mazzariol."
CRISTIANE BARBIERI Enviada especial da Folha de S.Paulo a Cannes
O site http://www.lehotdog.com.br/ está bem atualizado postando as últimas notícias sobre o festival.
Marcadores:
mídia
Subscribe to:
Post Comments (Atom)
No comments:
Post a Comment