Feb 16, 2008

Eleições nos EUA, por Jorge Pontual


Barack Obama com 17 anos em Honolulu, Havaí, 1979

O jornalista Jorge Pontual, publicou em seu blog "New York On Time",suas impressões sobre as eleições nos EUA.Está muito interessante, acompanhe:


"Os comícios do Obama me comovem. Em 12 anos aqui, nunca vi esse entusiasmo por um líder. Num comício que eu cobri na Washington Square, a multidão era tão grande que não coube todo mundo, a polícia fechou a praça. Era uma garotada entusiasmada. E o mais importante, todos me disseram que era a primeira vez que se interessavam por política.
O movimento contra a guerra no Iraque não colou, embora a maioria esteja contra a guerra. Muito difícil fazer esse pessoal ir para a rua protestar. Cobri vários protestos onde havia mais jornalistas do que manifestantes.
Obama é outra coisa. Ele torna concretos os vagos ideais de mudança, esperança, unidade. Protestar contra a guerra não muda nada, mas eleger Obama sim. É o que eles acreditam.
Escrevi em novembro de 2004, depois da derrota de John Kerry, o péssimo candidato que perdeu para George Bush, que a única esperança de vitória para o partido democrata em 2008 seria escolher Barack Obama para disputar a Casa Branca. Escrevi que Hillary Clinton era conciliadora demais para empolgar um eleitorado com sede de mudança. Parece que acertei.
Mas reconheço que Hillary reprenta um movimento forte, tal como Obama lidera o movimento contra a guerra e pela mudança. Hillary na presidência seria a vitória do feminismo no que ele tem de melhor: justiça social, valores igualitários, derrota da insensibilidade que domina a política deste país há décadas.
O ideal seria Obama para presidente e Hillary para vice, o que pode acontecer, mas a senadora não vai desistir tão cedo da cabeça de chapa, depois de ter levado com ampla margem os maiores estados, Califórnia e Nova York. As mulheres querem ver Hillary na presidência.
Essa briga pode se arrastar até o fim de abril, ou junho, ou, que seria um desastre, até a convenção do partido em fins de agosto. A não ser que Obama vença por grande maioria nos grandes estados que votam em 4 de março, Texas e Ohio. Se isso acontecer, Hillary deverá desistir. Mas ela é muito forte entre os latinos, e deve levar o Texas, o segundo maior estado do país.
Mais difícil ainda será reconciliar os dois movimentos, depois de concluída a disputa entre Obama e Hillary.
Pode ser que o partido se una em torno do candidato ou candidata. Pode ser que não, especialmente se Hillary for a escolhida. Muitos seguidores de Obama me disseram que não votam em Hillary de jeito nenhum. Não a perdoam por ter apoiado Bush no Iraque até fins de 2005. Estão certos. Em matéria de política externa, Hillary (como o marido dela, Bill) é tão falcão quanto Bush. Obama pelo menos é uma incógnita.
O movimento para levar o primeiro negro à Casa Branca está crescendo e com jeito de se tornar irresistível.
Mas os republicanos não vão dar mole. Nos estados que eles controlam - chamados de estados "vermelhos", cor que a mídia escolheu para eles no mapa - Obama tem chance de conquistar os eleitores independentes, mas vai ser muito duro.
No final, pode ser que o sucessor de George Bush seja alguém ainda mais beligerante, John McCain, que promete ocupar o Iraque por mais 100 anos e, se for o caso, invadir o Irã. Mas McCain é como Obama, espontâneo, engraçado, simpático - não um robô como Hillary - e um ás nos debates. Se for Obama contra McCain, vai ser a escolha entre o futuro, uma América mulata e aberta ao mundo, e o passado, a América branca e revanchista, fechada à renovação"

Jorge Pontual
New York on time
http://nyontime.blogspot.com/

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