Julianne Moore é a mais nova celebridade a participar de uma campanha para divulgar os parques da Disney, na Flórida. A atriz encarnou a sereia Ariel, de A Pequena Sereia, em um ensaio feito em um clube de Los Angeles.
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Contactado pelo Cinema em Cena, o próprio Meirelles confirmou que Blindness vai abrir Cannes. Esta é a segunda vez que o cineasta brasileiro apresenta um filme no prestigiado festival. A primeira foi em 2002, quando participou com Cidade de Deus.
Estrelado por Julianne Moore, Mark Ruffalo e Danny Glover, Blindness é baseado no livro Ensaio Sobre a Cegueira, de José Saramago, e tem estréia prevista para setembro nos cinemas.
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Fernado Meirelles disse :"Me sinto tão feliz quanto nervoso com esse espaço que nos foi dado. Sei que 'Ensaio sobre a cegueira' não é o filme mais adequado para anteceder um coquetel e uma festa e sei também que algumas pessoas se sentirão incomodadas com a história, apesar de não haver nada que seja apelativo ou de mau gosto no filme. De qualquer maneira, já estou preparando o espírito para uma possível artilharia"
Yes!!!!Boa notícia ver o nosso cinema abrindo Cannes, não é??
Mas o adolescente não ganhou o papel de mão beijada. Connor fez teste para conseguir a vaga no elenco. “Tom está muito orgulhoso do filho, por ele ter conquistado isso sozinho”, disse uma fonte à publicação
Salles terá como adversários na disputa pela Palma de Ouro nomes consagrados do cinema mundial, como Clint Eastwood, Steven Soderbergh e Wim Wenders.
Fora de competição, Cannes marcará as pré-estréias de "Indiana Jones IV", de Steven Spielberg, e do filme mais recente de Woody Allen, "Vicky Cristina Barcelona", rodado na Espanha com os astros locais Penélope Cruz e Javier Bardem, além da americana Scarlett Johansson, nova musa do diretor.
Vinte filmes figuram na seleção oficial da mostra competitiva, divulgada nesta quarta-feira em entrevista coletiva pelo diretor geral e pelo presidente do festival, respectivamente Thierry Frémaux e Gilles Jacob.
Além do filme brasileiro, o cinema sul-americano terá dois representantes argentinos na disputa pela Palma: "La mujer sin cabeza" de Lucrecia Martel e "Leonera" de Pablo Trapero.
O cinema americano está representado por dois grandes diretores: Clint Eastwood, com "The Changeling", thriller que tem como estrela Angelina Jolie, e Steven Soderbergh, com "The Argentine", sobre a vida de Che Guevara, interpretado por Benicio Del Toro.O canadense Atom Egoyan com "Adoration" e o alemão Wim Wenders con "The Palermo shooting" também estão presentes na mostra oficial.
Os cineastas franceses Arnaud Desplechin, com "Un conte de Noël", e Philippe Garrel, com "La frontière de l'aube", o turco Nuri Bilge Ceylan, com "Daydreams", e os belgas Luc e Jean-Pierre Dardenne, com "Le silence de Lorna", também foram selecionados.
Vale lembrar que a estrela de “As Horas” caiu nas graças de Fernando Meirelles
Chega magro, frágil, lento, amparado por Pilar. Sem um sorriso. Com a imponência que a figura alta, vertical, sugere. O aperto de mão, da mão descarnada, é firme.
A mulher, sempre a seu lado, tem de conduzi-lo ao interior da biblioteca onde todos os dias escreve. Ali, entre mais de 15 mil livros, seus e de outros, o silêncio seria absoluto, não fossem o sopro quase musical do vento que se infiltra nas janelas e o rumor das vozes dos colaboradores da biblioteca.
Envolvido pela luz natural que trespassa o tijolo de vidro, sentado num cadeirão de costas para a sua mesa de trabalho, José Saramago não começa a entrevista sem cumprir o ritual diário: «El periódico». Enquanto não lhe trazem um jornal – o El País – parece alheado do que se passa à sua volta. É Pilar, com o afecto de quem cuida, que lho tira das mãos. Já passa do meio-dia, há que dar início à conversa.
No princípio foi a morte, o encontro com a protagonista de um dos seus últimos livros. Escapou-lhe por «milagre», como ele próprio reconhece. A quem o viu de cadeira de rodas, em Lanzarote, na abertura d’A Consistência dos Sonhos, exposição que lhe documenta toda a vida e obra, não passou despercebido o débil estado de saúde do escritor. Passados cinco meses, vem inaugurar a Lisboa essa mesma exposição. A partir de 23 de Abril, no Palácio da Ajuda, romances inacabados, poemas, apontamentos, contos, fotografias de família, recortes, convivem com instalações multimédia e centenas de capas dos livros do autor, traduzidos para cerca de 50 línguas.
Fernando Gómez Aguilera, comissário da mostra, preparou José Saramago: A Consistência dos Sonhos – Cronobiografia (a sair em português pela Caminho), que reúne exaustivamente pensamentos, reflexões sobre política, jornalismo e intervenções do escritor, a par de inúmeras fotografias e factos da sua vida.
Dez anos depois de ter ganho o único Nobel da língua portuguesa, Saramago refere-se a 2008 como «o ano do jubileu». Tem razões para isso. Além da exposição e de um Diccionario de Personajes Saramaguianos, publicado pela Universidade Católica de Córdoba (Argentina), está a escrever um novo livro, A Viagem do Elefante, que pensa editar no Outono. Pela mesma altura chegará aos cinemas a adaptação do Ensaio Sobre a Cegueira, realizada pelo brasileiro Fernando Meirelles.
De volta à biblioteca, em Lanzarote, José Saramago fala como o narrador dos seus livros. Com o sobrolho levantado, a testa é um amontoado de sulcos horizontais que só se esbatem na presença de Pilar. A meio da conversa, a discreta espanhola da Andaluzia, 28 anos mais nova do que o marido, entra na sala – e percebe que se está a falar dela. Prefere não ouvir, retira-se. Mas acompanha-o sempre, em pensamento e em sonhos. Agarrou-o «pela gola do casaco» no momento decisivo da doença. «Cariño», chama-lhe Saramago, que não perde uma oportunidade de lhe segurar a mão.
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O Brasil festeiro, erotizado, apressado, partidarizado e narcisado faz uma breve pausa para pensar. Pensar e sofrer, individuar-se e abandonar a manada equalizadora. Tal como aconteceu com o menino João Hélio, despedaçado nas ruas do Rio em Fevereiro de 2007, uma criança incapaz de emitir mensagens cala a estupidez reinante e avisa que é hora de incomodar-se.
A dengue, a tremenda pressão mundial no preço dos alimentos, o narcotráfico, o genocídio no Sudão, a guerra religiosa no Iraque, a repressão chinesa no Tibete e o ódio solto no Oriente Médio certamente causarão a morte de milhares ou milhões de crianças pelo mundo afora.
Mas esta criança singularizada pela tragédia, subitamente emudecida por uma bestialidade insuspeitada, despertou nossa humanidade. Numa questão de horas, converteu em órfãos a imensa nação dos adultos.
Ninguém se importa com a prática do infanticídio em algumas tribos indígenas, defendida com empenho por antropólogos (“Folha de S. Paulo, 6/4). A cada dez horas, uma criança é assassinada, o Ministério da Saúde contabiliza, em seis anos, 5.049 mortes de meninos e meninas até 14 anos (“Globo”, 6/4/). Normal. A pedofilia e a prostituição infantil são encaradas com naturalidade, parte da “vida moderna”, incentiva o turismo.
A queda de Isabella deu um tranco nos bons costumes. Por alguns momentos sacudiu modos e modas, Ao contrário de João Hélio seu companheiro de infortúnio e martírio, a menina não acionou nossa compulsão legiferante. Até agora não apareceu um político oportunista para propor alguma lei absurda contra tragédias.
Até mesmo a parvoíce das autoridades incapazes de compreender a questão do segredo de justiça ou as disparatadas suspeitas vocalizadas incessantemente pela mídia antes mesmo de investigadas não conseguem sobrepor-se à soturna perplexidade que, por milagre, infiltra-se nos espíritos.
Imunizada contra a solidariedade, desumanizada por um debate partidário que na realidade só responde à pergunta “o que é que eu ganho com isso?”, a sociedade brasileira sempre se perfilou no bloco do “não-me-importa”. Envergonha-se de exibir o coração partido, mas agora oferece sutis indícios de sensibilização.
A dúvida sobre quem matou Isabella é tão dilacerante quanto a certeza de que alguém a matou. O filosófico e angustiante “por que?” começa a equiparar-se ao policialesco “quem?”. Os enigmas serão desfeitos, culpados logo aparecerão -- inevitável. A questão que deve permanecer e atazanar as almas e os espíritos relaciona-se com a mecânica da bestialidade. Desafio destinado a não consumar-se, exercício infindável, por isso salutar tanto para religiosos como para agnósticos, para céticos e idealistas, revolucionários e conservadores. Ignorar o animal que convive com o ser humano é próprio dos bárbaros.
Isabella é uma dolorosa oportunidade para questionamentos. Nações aturdidas, empurradas por sensações são incapazes de maturar sentimentos contínuos, comprometidas com éticas espasmódicas.
A morte de Isabella é um caso para não esquecer e aguilhoar.
Alberto Dinis (jornalista)