Feb 6, 2008
Eleições Americanas de 2008
Idelber Avelar, colega blogueiro fez uma ótima análise sobre a Super-terça nos USA:
"É mais ou menos como os Campeonatos Brasileiros do final da década de 1970. Um time pode liderar estando atrás. Quem está na frente, ou quem “ganhou” a Super Terça, é uma questão que depende de seu interlocutor. Adotando o ponto de vista de como as coisas estavam há três semanas, não há como negar o enorme salto de Obama. Hillary liderava em praticamente todos os estados da Super Terça, com a exceção de Illinois. E Obama venceu em treze (Alaska, Alabama, Colorado, Connecticut, Delaware, Geórgia, Idaho, Illinois, Kansas, Minnesota, Missouri, North Dakota e Utah), enquanto Clinton venceu em oito (Arizona, Arkansas, Califórnia, Massachusetts, New Jersey, New York, Oklahoma e Tennessee), com o Novo México ainda indefinido às 6:50 de Brasília.
Mas Hillary também tem motivos para declarar vitória. Ela venceu em três dos quatro grandes estados (New York, Califórnia, New Jersey, perdendo só em Illinois) e abocanhou os estados “azuis”, que costumam votar nos democratas nas eleições gerais.
Obama pode declarar que ganhou num número maior de estados, venceu nos lugares onde os democratas costumam perder para os republicanos e confirmou sua elegibilidade, vencendo em estados tradicionalmente racistas como o Alabama ou “brancos” como o Utah e o Idaho.
Se consideramos “goleada” uma vitória com mais de 60% dos votos, Obama goleou em oito estados, enquanto Hillary goleou só em um (Arkansas). O número que realmente importa, que é o de delegados, está praticamente empatado.
Ainda é cedo para dizer que Obama virou o jogo, mas já não é correto dizer que Hillary é a favorita, como era indubitavelmente o caso até ontem. Isso, por três motivos: 1) o dinheiro. Obama levantou 32 milhões em janeiro, enquanto Hillary levantou 13 milhões. 64% dos doadores de Clinton chegaram ao seu teto legal.
No levantamento de verbas para Obama, há um vasto campo de pequenos doadores, mobilizados via internet, que ainda têm muito gás.
2) a tendência geral do voto, que nitidamente favorece Obama, considerando-se que até muito pouco tempo atrás Hillary era a candidata considerada inevitável.
3) o calendário. As próximas primárias são em lugares onde a vantagem é de Obama. No próximo dia 09 de fevereiro, os democratas de Washington State (não a capital, mas o estado, que fica no extremo noroeste do país), Nebraska, Ilhas Virgens e daqui da Louisiana darão o seu pitaco. No dia 12, reúnem-se os democratas de Maryland, que tem a maior população negra do norte do país (28%) e de Virgínia, onde Obama é favorito. Do jeito que vai a coisa, é difícil imaginar que ela se defina antes da convenção.
A campanha de Obama, ancorada principalmente nos jovens -- homens e mulheres -- não cometeu, este ano, o erro cometido pela campanha de Howard Dean em 2004. O entusiasmo dos jovens em torno a Dean em 2004 acabou criando expectativas enormes e projeções irreais. Quando Dean perdeu a primeira primária, a de Iowa, acabou tendo que fazer um discurso exaltado para manter o ânimo dos apoiadores. O discurso pareceu grosseiramente anti-presidencial e a campanha desabou. Ao longo desta semana, as lideranças ligadas a Obama fizeram questão de estabelecer objetivos modestos: se ficarmos até 100 delegados atrás e conquistarmos alguns estados, estaremos em ótimas condições. O resultado é que com os números desta terça, a base sai com a sensação de vitória.
A emocionante contagem dos votos na noite passada registrou mais um gol da blogosfera sobre a grande mídia. Enquanto apoiadores de Clinton e de Obama roíam as unhas na contagem, o site Político e a cadeia de televisão MSNBC declararam vitória para Clinton, já que ela liderava com 3% de vantagem (a prova está aqui, graças ao Gravata). Até o mestre Josh Marshall embarcou nessa. Às 02:59 eu coloquei uma atualização que basicamente dizia: vocês são irresponsáveis; os votos que faltam são todos de Saint Louis e Kansas City, áreas de Obama! Foi dito e feito. Obama virou. Fica aí a lição. Cuidado com as projeções da grande mídia, sempre.
No lado republicano, a grande história foi o carolão. A dúvida geral antes da Super Terça era se John McCain confimaria a indicação ou se o Barbie Mitt Romney conseguiria equilibrar o jogo. Não aconteceu nem uma coisa nem outra. Sem grana e sem mídia, o carola Huckabee, que quer emendar a constituição para que ela se adeque à Bíblia, ganhou em todo o sul do país. A nominação dificilmente escapa de McCain, que ainda lidera com folga, mas quem lhe deu o susto foi o carolão, não o Barbie.
PS: Meu muito obrigado aos leitores que animaram a caixa de comentários nesta noite. Foi muito bom :-)"
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1 comment:
Escelente pos cara amiga de uma temática muito actual...sabes? Eu ainda não entendi muito bem como decorrem as eleições nos EUA...
Doce beijo
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